terça-feira, 31 de julho de 2012


O Partido Pirata no Brasil

por Guilherme Faraco


A princípio, os números não parecem expressivos, mas demonstram como a mobilização na internet pode (e deve) sair do mundo virtual e ser bem sucedida no mundo real. Falo do Partido Pirata, fundado originalmente na Suécia (lá denominado PiratPartiet), em 2006, e cuja sigla se alastrou por pelo menos 40 países, registrados oficialmente ou ainda inoficiais.

Nas eleições para o Parlamento Europeu de 2009, o PiratPartiet sueco recebeu 7,1% dos votos no seu respectivo país, e assim elegeu dois deputados, os quais terão uma legislatura de 05 anos. Outra relevante vitória do partido deu-se nas eleições para o Estado de Berlim (Berlim é uma cidade-estado), onde concorreu pela primeira vez. Foram 8,9% dos votos, obtendo 15 dos 152 assentos do Abgeordnetenhaus (câmara dos deputados).

O partido nasceu com o escopo de defender as liberdades da internet, o que não significa necessariamente que a rede deva ser uma “terra sem lei”, haja vista que os “piratistas” defendem a sua regulamentação, bem como não abdicam das garantias da propriedade privada, dos direitos autorais e a punição para crimes cibernéticos. O que eles querem é uma discussão racional e democrática a respeito da www, até então dominada por grupos que, atrasados como são, não souberam se adaptar ao novo mercado eletrônico e tiveram prejuízos consideráveis com essa nova ordem digital. Milhões de usuários encontraram-se logo em posição de vulnerabilidade e carentes de representação contra esses grupos retrógrados. O Partido Pirata surge neste cenário para suprir a necessidade de representação política dessa enorme parcela pessoas.

Conforme o partido crescia, novas bandeiras foram acrescidas ao seu programa, com destaque para reivindicações ambientais, decorrentes da insatisfação gerada pelo distanciamento dos partidos verdes de seus programas originais e os parcos resultados obtidos pela militância ecológica tradicional.

Em 29 de julho de 2012, o Partido Pirata foi lançado no Brasil durante a Campus Party de Recife, onde encontrava-se o fundador da sigla original, o sueco Rick Falkvinge. O proto-partido brasileiro ainda precisa obter aproximadamente 480 mil assinaturas para obter seu registro no Tribunal Superior Eleitoral (v. Lei 9.096/95).

Feita esta breve apresentação do Partido Pirata, pretendemos agora tecer algumas considerações.

A Revolução Digital caminha a passos largos, e o desenvolvimento tecnológico que pauta a revolução se dá de maneira exponencial. O desenvolvimento rápido não é acompanhado por reflexões aprofundadas sobre as suas consequências, e mesmo quando isso ocorre, muita vezes o objeto da reflexão já se tornou obsoleto. O debate político e a regulamentação de diversos aspectos da Revolução caminham ainda mais lentamente.

Neste contexto, o Partido Pirata procura trazer o “outro lado” no debate sobre as liberdades da internet e seus limites, dominado até então pelos grupos que possuem efetivamente a força política e que demonstraram o conservadorismo típico daqueles que não têm a capacidade para enxergar as novas oportunidades trazidas pela Revolução. Não percebem como suas demandas são inviáveis pela configuração atual das relações humanas, tanto no aspecto social como comercial.

Desafios não faltam ao Partido Pirata. Como dito anteriormente, a efemeridade é a regra no contexto da Revolução Digital. O que hoje é novidade e parece indispensável, logo é deixado de lado. O contexto no qual surgiu o Partido poderá ser também a sua sina. Sua principal luta será contra o esmaecimento, a efemeridade, o esquecimento. Portanto, é hora do Partido se fortalecer e concretizar sua base ideológica, aliando-se a isso o crescimento da presença política nos governos e o estabelecimento de um eleitorado fiel. Imprescindível também será uma certa dose de flexibilidade política, no sentido de abraçar novas causas, sem distanciar-se de sua natureza ímpar e seus objetivos iniciais.

No Brasil, em especial, espera-se que o provável novo partido venha a tornar-se uma luz no fim do túnel para aqueles que desejam entrar para a vida política, mas sentem-se desmotivados em razão do descrédito generalizado dos partidos nacionais e a ruína do discurso político no país. 

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sexta-feira, 6 de julho de 2012

O dia em que encontrei a plenitude da vida


Eu era uma criança. Tinha apenas 11 anos. Estava numa praia bonita, com barcos de pescadores ao fundo, à beira do mar que deixava o cenário memorável. Estava numa boa, tranqüilo, sentado – ou agachado, não me lembro ao certo – contemplando aquele dia que ficaria para sempre marcado em mim.

Foi então que apareceu ela. A tradução fiel de divindade feminina surgiu à minha frente, vagarosa, límpida, serena... e linda! Ah, como era linda! Peça-me para descrever seu rosto que não sei... essa é a pena. Só sei que era ela. E estava ali, tão perto de mim... mal pude acreditar.

Não sei o que aconteceu depois. Só me lembro daquele instante. Único. Não sei qual lugar era, o que me levou até ali ou o nome dela. Só sei que era ela. Tudo perfeito. Estava a ponto de encontrar a plenitude da vida. E encontrei.

Quando fui para o colégio, pela aula não me interessei. Apenas sonhava. Falavam comigo, mas eu não estava ali. Estava naquele lugar, de onde nunca queria ter saído. Tentei avistá-lo por muitas outras vezes. Até agora, só lembranças. Recordações de um lugar onde nunca estive, mas que um dia, pretendo encontrar...



                                             Praia do Sonho, em Paraty. Alô, Faraco!


*Escrito por Fábio Blanco