Deus, ou alguém
Afaste-me delas
Estas que em sua forma têm o que quero
Mas que nunca poderão me dar aquilo que tanto espero
Deus
Afaste-me destas que dizem não contar com tua aprovação
Mas que têm tanta graça
E me enchem de tesão
Por favor, meu pai
Não me deixe assim
Tu me fizeste tão apaixonado
À beira deste traiçoeiro trampolim
Tenha piedade, por favor
Olhe por mim
Que já sofri antes
Já tentei me desvincular destas angústias tão pedantes
Viver assim não dá
É acordar uma vez feliz
E a vida toda inconformado
Com elas que tem esse passado
De uma errante imperatriz
Fábio Blanco
O Molha a Palavra é um espaço criado por alguns amigos desocupados, no intuito de discutir as coisas da vida. Você está mais que convidado(a) a participar de todo esse papo de botequim. É só puxar uma cadeira, apresentar-se e passar a molhar palavras com a moçada! Seja bem-vindo(a)!
domingo, 28 de outubro de 2012
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
A difícil hora do adeus e a pena que isso vale
O Minas disse ontem que escreveria alguma coisa aqui pra dar uma revigorada nesse Molha a Palavra. Como ele não o fez, já que era seu aniversário e ele chegou chapado em casa - com todo o direito -, faço eu.
Quero pegar o gancho do título do último poema postado pelo nosso caro amigo de Ouro Fino - o mais novo 24 - e claro, da nossa mais recente visita ao paraíso no Paraná, Ilha do Mel.
Na segunda-feira, quando quase todos da nossa turma já haviam deixado a ilha, fui com os demais restantes Nin e Minas almoçar no Mar e Sol. Em meio aos penosos últimos goles daquela gelada que me afligia ainda mais, disse aos dois o que vou escrever agora.
Quando chegamos ao topo do farol, Caio Pinto, Minas e eu, no domingo fim de tarde, senti uma daquelas coisas raras, que te fazem pensar - puta que o pariu, mas como vale a pena viver! Como vale a pena passar por uma segunda-feira cansada! Como vale a pena ver o sol daquele melancólico domingo caindo por trás do Bar Brasil ao fim de um jogo - e por vezes de uma derrota - do meu Tricolor! Como vale a pena tomar um pé na bunda daquela menina linda de quem você gosta, ou então vários 'nãos' de algumas delas por aí, pós jogar sua paz de espírito no chão e pisá-la com todo o gosto!
É isso que quis dizer naquele pungente último almoço na ilhinha. Pegando o ganho do 'Desapego', enfim, senti-me assim porque sou apegado. É como se a cada lugar que eu vá, sinta-me deixando pedaços de mim. Assim é na ilhinha. É por isso que gosto tanto daquele lugar. Para poder me reencontrar. E sabe-se lá quando isso vai acontecer. É por isso que sinto tanto.
Foto da subida do Farol em outubro de 2006, na primeira vez em que lá estive
Quero pegar o gancho do título do último poema postado pelo nosso caro amigo de Ouro Fino - o mais novo 24 - e claro, da nossa mais recente visita ao paraíso no Paraná, Ilha do Mel.
Na segunda-feira, quando quase todos da nossa turma já haviam deixado a ilha, fui com os demais restantes Nin e Minas almoçar no Mar e Sol. Em meio aos penosos últimos goles daquela gelada que me afligia ainda mais, disse aos dois o que vou escrever agora.
Quando chegamos ao topo do farol, Caio Pinto, Minas e eu, no domingo fim de tarde, senti uma daquelas coisas raras, que te fazem pensar - puta que o pariu, mas como vale a pena viver! Como vale a pena passar por uma segunda-feira cansada! Como vale a pena ver o sol daquele melancólico domingo caindo por trás do Bar Brasil ao fim de um jogo - e por vezes de uma derrota - do meu Tricolor! Como vale a pena tomar um pé na bunda daquela menina linda de quem você gosta, ou então vários 'nãos' de algumas delas por aí, pós jogar sua paz de espírito no chão e pisá-la com todo o gosto!
É isso que quis dizer naquele pungente último almoço na ilhinha. Pegando o ganho do 'Desapego', enfim, senti-me assim porque sou apegado. É como se a cada lugar que eu vá, sinta-me deixando pedaços de mim. Assim é na ilhinha. É por isso que gosto tanto daquele lugar. Para poder me reencontrar. E sabe-se lá quando isso vai acontecer. É por isso que sinto tanto.
Foto da subida do Farol em outubro de 2006, na primeira vez em que lá estive
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
Desapego
Desapego
Caminho...
Caminho horas a fio sem parar
Sem rumo para não estragar
esta falaciosa sensação de liberdade
Imóvel...
Imóvel eu fico a pensar
Meus pensamentos a viajar
em sonhos que se movimentam a todo instante
Preso...
Preso, sinto a sensação do conforto
Conforto triste, encostado e morto
Será este o meu lugar?
Livre...
Livre sou eu
Quando caminho com a vida
Quando imóvel admiro
Quando preso amo.
Livre...
Livre sou eu
Por Guilherme Ladenthin
terça-feira, 31 de julho de 2012
O Partido Pirata no Brasil
por Guilherme Faraco
A princípio, os
números não parecem expressivos, mas demonstram como a mobilização na internet
pode (e deve) sair do mundo virtual e ser bem sucedida no mundo real. Falo do Partido
Pirata, fundado originalmente na Suécia (lá denominado PiratPartiet), em 2006, e cuja sigla se alastrou por pelo menos 40
países, registrados oficialmente ou ainda inoficiais.
Nas eleições
para o Parlamento Europeu de 2009, o PiratPartiet
sueco recebeu 7,1% dos votos no seu respectivo país, e assim elegeu dois
deputados, os quais terão uma legislatura de 05 anos. Outra relevante vitória
do partido deu-se nas eleições para o Estado de Berlim (Berlim é uma
cidade-estado), onde concorreu pela primeira vez. Foram 8,9% dos votos, obtendo
15 dos 152 assentos do Abgeordnetenhaus
(câmara dos deputados).
O partido
nasceu com o escopo de defender as liberdades da internet, o que não significa
necessariamente que a rede deva ser uma “terra sem lei”, haja vista que os
“piratistas” defendem a sua regulamentação, bem como não abdicam das garantias
da propriedade privada, dos direitos autorais e a punição para crimes
cibernéticos. O que eles querem é uma discussão racional e democrática a
respeito da www, até então dominada por grupos que, atrasados como são, não
souberam se adaptar ao novo mercado eletrônico e tiveram prejuízos
consideráveis com essa nova ordem digital. Milhões de usuários encontraram-se
logo em posição de vulnerabilidade e carentes de representação contra esses
grupos retrógrados. O Partido Pirata surge neste cenário para suprir a
necessidade de representação política dessa enorme parcela pessoas.
Conforme o
partido crescia, novas bandeiras foram acrescidas ao seu programa, com destaque
para reivindicações ambientais, decorrentes da insatisfação gerada pelo
distanciamento dos partidos verdes de seus programas originais e os parcos
resultados obtidos pela militância ecológica tradicional.
Em 29 de julho
de 2012, o Partido Pirata foi lançado no Brasil durante a Campus Party de Recife, onde encontrava-se o fundador da sigla
original, o sueco Rick Falkvinge. O proto-partido brasileiro ainda precisa
obter aproximadamente 480 mil assinaturas para obter seu registro no Tribunal
Superior Eleitoral (v. Lei 9.096/95).
Feita esta
breve apresentação do Partido Pirata, pretendemos agora tecer algumas
considerações.
A Revolução
Digital caminha a passos largos, e o desenvolvimento tecnológico que pauta a
revolução se dá de maneira exponencial. O desenvolvimento rápido não é
acompanhado por reflexões aprofundadas sobre as suas consequências, e mesmo
quando isso ocorre, muita vezes o objeto da reflexão já se tornou obsoleto. O
debate político e a regulamentação de diversos aspectos da Revolução caminham
ainda mais lentamente.
Neste
contexto, o Partido Pirata procura trazer o “outro lado” no debate sobre as
liberdades da internet e seus limites, dominado até então pelos grupos que
possuem efetivamente a força política e que demonstraram o conservadorismo
típico daqueles que não têm a capacidade para enxergar as novas oportunidades
trazidas pela Revolução. Não percebem como suas demandas são inviáveis pela
configuração atual das relações humanas, tanto no aspecto social como
comercial.
Desafios não
faltam ao Partido Pirata. Como dito anteriormente, a efemeridade é a regra no
contexto da Revolução Digital. O que hoje é novidade e parece indispensável,
logo é deixado de lado. O contexto no qual surgiu o Partido poderá ser também a
sua sina. Sua principal luta será contra o esmaecimento, a efemeridade, o
esquecimento. Portanto, é hora do Partido se fortalecer e concretizar sua base
ideológica, aliando-se a isso o crescimento da presença política nos governos e
o estabelecimento de um eleitorado fiel. Imprescindível também será uma certa
dose de flexibilidade política, no sentido de abraçar novas causas, sem
distanciar-se de sua natureza ímpar e seus objetivos iniciais.
No Brasil, em
especial, espera-se que o provável novo partido venha a tornar-se uma luz no
fim do túnel para aqueles que desejam entrar para a vida política, mas
sentem-se desmotivados em razão do descrédito generalizado dos partidos
nacionais e a ruína do discurso político no país.
Links:
sexta-feira, 6 de julho de 2012
O dia em que encontrei a plenitude da vida
Eu
era uma criança. Tinha apenas 11 anos. Estava numa praia bonita, com barcos de
pescadores ao fundo, à beira do mar que deixava o cenário memorável. Estava
numa boa, tranqüilo, sentado – ou agachado, não me lembro ao certo –
contemplando aquele dia que ficaria para sempre marcado em mim.
Foi então que apareceu ela. A tradução fiel de divindade
feminina surgiu à minha frente, vagarosa, límpida, serena... e linda! Ah, como
era linda! Peça-me para descrever seu rosto que não sei... essa é a pena. Só
sei que era ela. E estava ali, tão perto de mim... mal pude acreditar.
Não sei o que aconteceu depois. Só me lembro daquele
instante. Único. Não sei qual lugar era, o que me levou até ali ou o nome dela.
Só sei que era ela. Tudo perfeito. Estava a ponto de encontrar a plenitude da
vida. E encontrei.
Quando fui para o colégio, pela aula não me interessei.
Apenas sonhava. Falavam comigo, mas eu não estava ali. Estava naquele lugar, de
onde nunca queria ter saído. Tentei avistá-lo por muitas outras vezes. Até
agora, só lembranças. Recordações de um lugar onde nunca estive, mas que um dia,
pretendo encontrar...
Praia do Sonho, em Paraty. Alô, Faraco!
*Escrito por Fábio Blanco
*Escrito por Fábio Blanco
quarta-feira, 13 de junho de 2012
Qual é a origem do mundo?
Qual é a origem do mundo?
(A orgia do mundo)
Algumas vezes eu perdi o sono
Tremia
A saúde estava precária
A neblina penetrava o quarto
O cheiro da noite anterior
Ainda na cabeça
Algumas vezes eu perdi a cabeça
Falei, falei, falei;
E só depois pensei
O copo já estava quebrado
Metáforas inúteis
Algumas vezes eu perdi a esperança
...
Ponto final
Por Guilherme Ladenthin
terça-feira, 5 de junho de 2012
A
OSUEL, sustentabilidade e o empreendedorismo público
por Guilherme Faraco.
A
demanda por ingressos foi tão grande que a OSUEL (Orquestra Sinfônica da
Universidade Estadual de Londrina) teve que organizar uma sessão extra, para satisfazer
aqueles que não conseguiram retirar seus ingressos – sem custos - esgotados em
04 horas.
O
concerto, no qual se apresentaram a OSUEL e a banda Beatles for Sale, foi
realizado no Cine Com-Tour, devido à interdição da tradicional sede da
Orquestra, o Teatro Ouro Verde, em razão do incêndio que destruiu parte
considerável do antigo prédio desenhado por Vilanova Artigas.
O
cinema, que possui capacidade para 470 pessoas sentadas, recebeu um público
muito maior, no último domingo (03/06/2012), em duas sessões: a primeira, às
08:30 horas (sessão extra) e a segunda, às 10:00 horas.
Apesar
do tema da apresentação ser um tanto apelativo – uma homenagem aos Beatles –
concertos lotados (e gratuitos) não são de todo incomuns à história da OSUEL.
Muito pelo contrário: se você pretende ir a uma apresentação da Orquestra,
prepare-se para chegar com antecedência, sob pena de perder a viagem.
Pode-se
pensar então que a OSUEL, orquestra prestigiada, com diversos concertos
agendados, casa de músicos renomados e de um maestro conceituado, passa por um
momento excelente de sua história. Ledo engano: a realidade atual é de crise.
Nunca
houve um desfalque de músicos tão grande na Orquestra. Isto se dá
principalmente por uma política do governo do Estado, que não abre concurso
público para contratação de músicos há mais de 08 anos. E com a previsão de
aposentadoria de outros tantos, a sinfônica corre o risco de se tornar uma
orquestra de câmara.
Acrescente-se
a recente destruição do Teatro Ouro Verde, deixando a OSUEL sem uma sala para
ensaios e destituída de seu principal palco de apresentações, bem como a falta
de parceiros privados (os quais, pelo menos em Londrina, parecem nunca ter
ouvido falar na expressão “função social da empresa”). O financiamento da Orquestra
advém exclusivamente do Estado, por intermédio da Casa de Cultura da UEL.
É
possível afirmar categoricamente que a vida cultural da cidade de Londrina gira
em torno da Universidade Estadual de Londrina, senão vejamos: o Teatro Ouro
Verde, que pertence à UEL, é a maior sala de espetáculos da região; o Cine
Com-Tour é o único cinema onde são exibidos filmes fora do eixo comercial – estes
últimos [filmes comerciais] prestam, de fato, um desserviço à cultura; a rádio UELFM - 107,9,
também é a única digna de ser ouvida num raio de 400 km (acredito que o sinal
desta não tenha tanto alcance); o FILO (Festival Internacional [de Teatro] de
Londrina) e o FML (Festival de Música de Londrina) não são organizados pela
Universidade, mas ali nasceram e dela dependem para a sua sobrevivência; os
mais expressivos e conceituados congressos profissionais são organizados no
âmbito da Universidade; a Biblioteca Central (BC) da UEL é a maior da região,
e, juntamente com as bibliotecas setoriais (BS-CH, BS-CCS, BS-COU e BS-EAAJ)
formam o melhor acervo de livros do interior do Paraná – no que tange aos
títulos jurídicos, possivelmente a UEL possui um dos mais completos acervos do
país; etc...
Gostaria
de deixar aqui um questionamento, do qual tratarei em um próximo texto: o que
as outras instituições de ensino de Londrina (e não são poucas) têm feito pela
cidade, além de formarem profissionais, muitos dos quais de qualificação
duvidosa?
Retomo
o assunto com outra pergunta: é concebível que uma orquestra com apresentações
constantemente lotadas esteja numa situação de crise? De fato, o Estado e a
sociedade civil não colaboram muito...mas porque a OSUEL não cobra pela entrada
nos concertos?
A
OSUSP (Orquestra Sinfônica da Universidade de São Paulo), por exemplo, cobra
até R$60,00 pelo ingresso individual, além de oferecer uma assinatura, que
compreende diversos pacotes de concertos, cujos preços variam de R$42,00 – 04
concertos, balcão superior – a R$420,00 – 09 concertos, balcão mezanino (Fonte:
http://www.usp.br/osusp/assinaturas2012.html).
“A
cobraça de ingressos limitaria a entrada de pessoas que não podem pagar para
assistir a um concerto”, alguém diria. Será verdade? Qual o público da OSUEL?
Seria o Zé do Caroço, que mora a 15 km do Ouro Verde e toma duas conduções para
chegar até o centro da cidade?
Infelizmente,
o Zé do Caroço não vai a concertos. O público da Orquestra é composto pela
classe média-média e média-alta, e que vai ao Teatro porque gosta de música, e
não por ser de graça. Não vejo estas pessoas esperneando por terem de pagar
R$10,00 para assistir ao concerto.
Contudo,
criou-se no Brasil um costume de se considerar o que é público como se particular
de cada um fosse, e que pagar para utilizar algo público seria então uma
espécie de bis in idem. O brasileiro
paga imposto, e paga muito. Assim, se justifica a animosidade em relação à
possibilidade de o indivíduo comprometer ainda mais seu patrimônio em favor de um
Estado comprovadamente irresponsável com os destinos de sua vultosa arrecadação.
Acredito
que as instituições públicas devam ser sustentáveis, não apenas ecologicamente,
mas no sentido financeiro. Suas contas devem fechar. A UEL quebraria em menos
de um mês se tivesse de se virar com seus próprios recursos.
A
criação de um espírito empreendedor nas instituições públicas é medida que se impõe,
sem embargos à acessibilidade e à sua função social, permitindo assim um
reinvestimento em si mesmas. E isto se aplica à OSUEL, capaz de gerar renda
própria e de erguer-se com seus próprios pés do lamaçal da burocracia.
(Zé do Caroço, música de Leci Brandão e interpretada por Mariana Aydar).
quinta-feira, 31 de maio de 2012
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